O consórcio Inframérica, responsável pela operação do aeroporto de Brasília, informou hoje (30) que já investiu R$ 370 milhões no empreendimento e que o valor deve chegar a R$ 900 milhões até a Copa do Mundo do ano que vem. A concessionária anunciou o início de mais uma frente de obras que, até meados de dezembro, duplicará o viaduto de acesso ao piso de embarque.
A realização dessas obras exige mudanças no andar inferior do terminal, onde os passageiros que chegam de viagem costumam esperar transporte para se deslocar até a cidade. “Se já era difícil pegar nossos parentes, agora ficará ainda pior. Infelizmente, só há vagas para quem se dispõe a pagar [R$ 5 pela hora]. Quem não se dispõe a isso acaba pagando multa”, disse à Agência Brasil João Alves, de 76 anos, militar da Aeronáutica aposentado.
O militar reclamou de ter sido multado quando foi buscar a mulher, de 66 anos, no aeroporto. “Tive de ficar argumentando com o policial porque ele não queria deixar eu parar para pegar minha esposa, que estava há pouco mais de dez metros do carro”, acrescentou. “A gente fica com a impressão de que eles são instruídos a nos forçar pagar o estacionamento”, completou Alves.
Consultado pela Agência Brasil, o consórcio Inframérica informou que o estacionamento pago gera receita bruta “na casa de R$ 1,3 milhão por mês”. Segundo o diretor de obras do consórcio, Armando Schneider, a grande movimentação do aeroporto – cerca de 16 milhões de passageiros por ano – inviabiliza a disponibilização de áreas para que motoristas aguardem passageiros. “É assim que funciona em boa parte dos aeroportos”, ressaltou.
De acordo com os repo sargento Cristovão Bezerra da Silva, policial militar do 1º Batalhão de Trânsito, são aplicadas pelo menos 200 notificações por dia no aeroporto de Brasília, o equivalente a 6 mil por mês. “Se levássemos em consideração todas as infrações, certamente o número de multas seria ainda maior, porque falta conscientização dos motoristas”, disse o policial.
Segundo o sargento, os motoristas que circulam no aeroporto de Brasília costumam ser “mais abusados, por causa da ansiedade”. A maior parte das multas é aplicada por estacionamento proibido, bem como pela falta do cinto segurança, pelo uso de celulares durante a direção e, também, por avanço de sinal.
O policial sugere que, para evitar a multa, os motoristas que não desejam pagar pelo estacionamento cheguem após o desembarque dos passageiros. “Tem gente que chega uma hora antes e quer deixar o carro parado [em área proibida]. Quem tem de aguardar não é o motorista, e sim o passageiro.”
Agência Brasil